segunda-feira, 25 de março de 2013

Algumas perguntas e respostas sobre dúvidas na cirurgia bariátrica...

 
Vida após a cirurgia bariátrica.
Segredo para o sucesso está na obediência...
 

Algumas perguntas e respostas sobre dúvidas na cirurgia bariátrica...


Se eu me arrepender, tem como reverter a cirurgia?
Até é possível reverter anatomicamente a maioria das cirurgias, pois geralmente nada é retirado do organismo, apenas desviado do seu trânsito original. Logicamente, nunca após uma intervenção cirúrgica se voltará a ser exatamente igual a antes. O estômago e o intestino podem ser re-conectados como antes, permitindo a ingesta alimentar como era antes da cirurgia. Mas se o paciente for adequadamente avaliado no pré-operatório, e a cirurgia for bem indicada, isto dificilmente ocorrerá. Por isso a importância de uma equipe preparada inclusive para vetar a cirurgia a quem não está ainda apto para o procedimento e auxiliá-lo a encontrar o melhor tratamento para sua doença, ou o melhor momento para a cirurgia.
 
Existe um limite de idade?
Não existe um consenso em relação a isto. Cada vez estão mais amplos os critérios de inclusão nas cirurgias bariátricas. Cada caso é avaliado em isolado, e a idade não é mais um fator limitante isolado para a cirurgia, em qualquer um dos extremos. Nos casos de cirurgia na adolescência é necessário uma certa maturidade e compreensão das mudanças que vão ocorrer com o tratamento, o que nem sempre é possível nesta faixa etária, tornando o procedimento neste grupo mais controverso. Quanto aos pacientes mais idosos, o que mais importa é seu estado atual de saúde, condições de se submeter ao procedimento e vantagens da perda de peso a longo prazo. Somos extremamente criteriosos e evitamos ao máximo operar adolescentes. O COM está apto a oferecer inúmeros tratamentos clínicos para a obesidade e reserva a cirurgia para casos realmente extremos e necessários.
 
Como funciona a Banda Gástrica?
A banda gástrica é uma prótese de silicone ajustável que tem um balão inflável por dentro, semelhante a um manguito de verificar a pressão arterial. Quando colocada em volta do estômago, na parte superior, forma uma cinta que o aperta e lhe dá o formato de uma ampulheta. À medida que este anel é insuflado ou desinsuflado, controla a velocidade da passagem do alimento da parte superior para a inferior do estômago. A cirurgia é feita por videolaparoscopia. Não há cortes no estômago. É uma técnica apenas restritiva e pode levar a uma perda de peso em média de 50% do peso inicial a médio e longo prazo, mas depende muito da cooperação do paciente. Algumas complicações da cirurgia da banda são: lesão do baço, lesão do esôfago, refluxo gastresofágico, vômitos persistentes, deslocamento ou erosão da banda, falha no sistema de ajuste da banda e falha na perda de peso. Não tem nenhum efeito hormonal e só usamos em casos especiais.
 
Qual a velocidade da perda de peso?
A maior perda de peso ocorre nos seis primeiros meses, mas se sabe que progride durante os dois primeiros anos. Exercícios freqüentes e regulares aumentam a velocidade da perda de peso e a perda de peso total.
 
Existem casos de pacientes que não perderam peso após cirurgia da obesidade?
Existem casos de pacientes que não perdem peso suficiente para atingir o IMC normal e casos de pacientes que perdem peso com a cirurgia e depois recuperam muitos dos quilos emagrecidos. A cirurgia em si não é uma garantia de perda de peso e sim as condutas do paciente no pós-operatório associadas à ferramenta cirúrgica.
 
Posso engordar após realizar a cirurgia bariátrica?
Sim. A cirurgia não garante ao paciente a perda permanente do peso. É necessário manter um programa alimentar saudável, regular e adequado além de modificações do estilo de vida. Não é garantida a manutenção da perda de peso por toda a vida caso não haja uma adesão do paciente ao tratamento proposto. Os casos raros em que a cirurgia não funciona acontecem com as pessoas que tentam “enganar” a operação comendo o máximo que aguentam e encontrando motivos para não fazer atividade física.
 
Existem pacientes insatisfeito
s com a cirurgia da obesidade?
Sim, mas são poucos. Acreditamos que são aqueles em que a cirurgia não foi bem indicada, ou seja, não houve uma avaliação pré-operatória completa do indivíduo, sendo que o mesmo não estava preparado para o procedimento realizado.
 
Mesmo com outros problemas de saúde como diabete, pressão alta, eu posso fazer a cirurgia?
Resposta.Com uma avaliação clínica e cardiológica pré-operatória completa as co-morbidades tratadas e bem compensadas não contra-indicam a cirurgia e sim fazem parte, junto com o IMC, das indicações cirúrgicas.
 
Não é perigoso perder peso tão rapidamente?
Geralmente não. Durante a fase de perda de peso os pacientes devem realizar exames de sangue periodicamente para monitorar seu estado nutricional. Nesta fase geralmente se suplementa vitaminas aos operados e se necessário também proteínas além da dieta.
 
O que acontece com o estômago que é isolado?
Ele não recebe mais alimentos, mas fica conectado ao intestino e continua a produzir suco digestivo para a digestão dos alimentos que entram pelo estômago pequeno.
 
Quais as complicações mais frequentes no pré, no trans e no pós-operatório imediato?
Apesar de muito pouco frequentes, no pré-operatório pode haver crises de ansiedade. Embora extremamente raro, no procedimento anestésico é possível que não se consiga entubar o paciente (para ventilar durante a cirurgia) ou que na entubação haja entrada de líquido do estômago para os pulmões, causando uma pneumonia de aspiração grave.
Durante a cirurgia pode haver dificuldades técnicas pela anatomia interna do paciente, podendo motivar algumas vezes mudança de método cirúrgico, como por exemplo, iniciar a cirurgia por vídeolaparoscopia e ter que mudar para cirurgia aberta.
Outras situações eventuais podem ser lesões a órgãos ou estruturas, e dificuldades tecnológicas como falha ou quebra de equipamentos, embora muito raras.
No pós-operatório imediato a dor abdominal é a queixa mais frequente. Como a dor é uma sensação muito individual, apresenta graus variados de intensidade e formas de evolução, geralmente sendo mais intensa nas primeiras 48 horas após a cirurgia. Náuseas, vômitos e dores nas costas também podem ocorrer.
 
Quais as complicações mais freqüentes no pós-operatório tardio?
Algumas vezes os pacientes vomitam bastante após a cirurgia da obesidade, geralmente por erro na velocidade de ingestão e FALTA DE MASTIGAÇÃO adequada, que pode ser resolvido com reeducação do modo de se alimentar e da quantidade a ser ingerida em um período de tempo. As carências nutricionais são muito freqüentes em pacientes sem acompanhamento especializado, sem reposição de suplementos adequados. Vitaminas lipossolúveis (vitamina A, D, e E ), cálcio, ferro, vitamina B12 e ácido fólico podem tornar-se insuficientes, levando à defici6encias, osteoporose e anemia. A deficiência de nutrientes pode ser tanto corrigida como prevenida. No nosso caso optamos pela PREVENÇÃO. A depressão pode ocorrer, mas geralmente sua incidência é menor do que na população em geral, desmistificando a idéia de que os operados ficam mais deprimidos após a cirurgia da obesidade. Outra complicação freqüente é o desenvolvimento de cálculos biliares (colelitíase) após o emagrecimento. Queda de cabelo, estenose na saída gástrica, erosão da banda, fistula gastro-gástrica, obstrução intestinal, hérnias abdominais, anorexia com excessiva perda de peso, perda de peso inadequada. Ocasionalmente ocorrem problemas com alguns tipos de alimentos, com intolerância, resultando em dumping, diarréia e ataques hipoglicêmicos. Refrigerante contém gás, causando estufamento e mal-estar.
 
Quais os riscos de morrer devido cirurgia da obesidade?
Os riscos são os mesmos de qualquer cirurgia de grande porte em um paciente difícil. Uma cirurgia cardíaca, por exemplo, com circulação extracorpórea tem uma mortalidade por volta de 2%. No Brasil, e no mundo todo, aproximadamente um paciente em cem morre devido à cirurgia da obesidade. Na equipe do COM, a taxa de mortalidade é 1 paciente em mais de 300 operados (0,33%) nos primeiros 30 dias após a cirurgia. Quanto maior o peso do paciente maior o risco de complicações anestésicas e pós-operatórias. Toda a cirurgia tem riscos e os riscos dependem do tipo de paciente a ser operado, da quantidade e qualidade do preparo pré-operatório (diagnóstico e a correção das co-morbidades clínicas antes da cirurgia, como diabetes, hipertensão), da competência técnica da equipe anestésica, cirúrgica e clínica envolvida no procedimento e também da sorte que nos acompanha.
Existem inúmeros fatores que podem, eventualmente, comprometer o resultado apesar de tudo ter sido bem feito, tanto pela parte da equipe quanto pelo paciente (exercícios respiratórios, deambular precocemente, adesão familiar). Pacientes com obesidade mórbida que não realizam a cirurgia por insegurança ou razões pessoais, financeiras, tiveram uma mortalidade de 4,5% a 5% ao ano. A mortalidade anual de quem se submete à cirurgia bariátrica é muito menor do que este número. A decisão de fazer ou não a cirurgia da obesidade sempre deve levar em conta se o risco de permanecer obeso é maior ou menor que o risco do procedimento cirúrgico.
 
Qual a rotina de seguimento pós-operatório?
Usualmente os pacientes são agendados para uma consulta médica entre o sétimo e o décimo dia após a alta hospitalar com o cirurgião. No décimo quinto dia após a alta, com a nutricionista da equipe. No final do primeiro mês são agendadas consultas com a nutrição, cirurgia e endocrinologia, assim sendo nos três primeiros meses. Após, o paciente faz revisão no 6º, 9º, 12º e a cada três meses durante os cinco primeiros anos de pós-operatório. Se necessário o paciente pode agendar consultas extras ou ser visto em intervalos mais freqüentes. Também pode comparecer na emergência sempre que necessário. A NOSSA equipe sempre estará disponível.
 
Vou precisar fazer cirurgia plástica após a cirurgia bariátrica?
Se houver uma grande perda de peso no pós-operatório pode existir um grande excesso de pele, e essa sobra deverá ser retirada com o auxílio da cirurgia plástica. É impossível predizer a quantia de pele pendente que se desenvolverá, pois vai depender do peso perdido, da idade do paciente e da elasticidade natural da pele. Em geral a cirurgia plástica não deve ser executada antes de um ano de pós-operatório, e incluem abdominoplastia, reduções do braço e coxas ou mesmo lipoaspiração.
 
O que é o Dumping?
O dumping é um efeito colateral frequente do bypass gástrico. Ele ocorre em alguns pacientes quando ingerem muito açúcar refinado ou alimentos muito gordurosos. Os sintomas são de aceleração dos batimentos cardíacos, náuseas, tremores e sensação de fraqueza ou desmaio, algumas vezes seguida de diarréia. É claro que ninguém gosta de sentir estes sintomas! Isto faz com que os pacientes comedores de doces se mantenham afastados dos mesmos, o que lhes auxilia nos seus esforços pós-operatórios para perda de peso.
 
O que tenho que fazer quando tiver dumping?
Sentar ou deitar. Os sintomas podem ser leves ou mais intensos, dependendo do que foi ingerido. Isto geralmente passa em menos de trinta minutos. Anote o que você acabou de beber ou comer. Após alguns episódios de dumping o paciente se torna capaz de reconhecer que alimentos e bebidas deve evitar. Não ínsita nesses alimentos!!!
 
Quando posso voltar ao meu trabalho?
Tudo vai depender do tipo de atividade que o paciente exerce. Se envolver esforço físico intenso deverá ser evitado por pelo menos 90 dias (tempo para uma cicatrização completa da ferida operatória). Se a atividade for leve, como trabalho em escritório, por exemplo, pode ser reiniciado imediatamente após a alta hospitalar ou conforme a disposição do paciente. Recomenda-se evitar exercícios abdominais por 2 a 3 meses, sendo que os exercícios que envolvam os membros e as caminhadas já podem ser iniciadas no primeiro mês pós-operatório.
 
Vou vomitar ou ter diarréia após a cirurgia de redução de estômago?
Estes não são os efeitos esperados, mas em alguns casos eles ocorrem. O paciente deve entrar em contato com a equipe caso isto esteja acontecendo, pois na grande maioria das vezes as causas são controláveis. Os vômitos geralmente estão associados a uma ingesta alimentar com volume ou velocidade desproporcionais ao novo estômago. E para resolver este problema desconfortável o paciente necessita se reeducar e aprender a mastigar bem o alimento além de se habituar a uma menor quantidade que pode ingerir, sem “forçar”, o que pode causar desconforto abdominal, refluxo e até vômitos. Algumas raras vezes os vômitos podem estar associados à obstrução do trânsito intestinal, seja por estenose da anastomose, seja por obstrução intestinal e deve ser resolvido cirúrgica ou endoscopicamente. Só quem pode diferenciar os casos de ingesta de maneira inadequada dos casos obstrutivos é a equipe médica. Já quanto à diarréia existem alguns tipos de alimentos específicos que podem causar diarréia e devem ser então restringidos.
 
Como é a dieta logo após a cirurgia?
Por quatro semanas após a cirurgia da obesidade o paciente não pode ingerir sólidos. Recebe orientações para seguir uma dieta líquida nos primeiros dias e após pastosa. ALIMENTOS PROIBIDOS nesta fase: bebidas alcoólicas, bebidas gaseificadas (refrigerantes e água mineral com gás), leite condensado, doces, açúcar em grande concentração, sorvetes, alimentos sólidos e fibrosos. O paciente deverá atingir um volume de líquidos de 1500ml/dia ou mais para garantir uma boa hidratação. Após 30 dias de pós-operatório é que os alimentos sólidos são liberados pela nutricionista, sempre com o cuidado de MASTIGAR BEM cada porção.
 
Vou me satisfazer com pouca quantidade de comida?
Sim. A cirurgia de redução do estômago cria a sensação de que o estômago está cheio, pois após a alimentação a pequena bolsa do estômago é dilatada por pouca quantidade de comida. A saciedade geralmente ocorre com menos de ¼ da quantidade de alimento que o paciente ingeria antes da cirurgia.
 
Vou poder comer de tudo?
Sim, sem restrições de qualidade, mas sim de QUANTIDADE e VELOCIDADE. A escolha quanto à qualidade do alimento deve ser consciente de que existem alimentos mais saudáveis e nutritivos do que outros. Optar pelo doce gorduroso, pelo chocolate, frituras, ao invés de comer o feijão, o arroz e a carne pode ser muito desvantajoso em termos nutricionais e metabólicos. E só quem vai poder fazer esta escolha, diariamente, na hora de servir seu prato é o próprio paciente e não mais a nossa equipe. É aí que entra a parte do empenho individual e conscientização e desejo de mudar em busca da saúde e qualidade de vida. Isto não significa nunca mais comer um doce, um chocolate ou uma fritura, mas sim na maioria das vezes optar por um alimento mais nutritivo e saudável. Poucos meses após a cirurgia da obesidade o paciente é capaz de comer e beber qualquer coisa que ele deseja, porém em menor quantidade.
 
Vou ter compulsão alimentar ou muita fome após a cirurgia?
A fome e o apetite, ou seja, o impulso de comer é um mecanismo que envolve circuitos neurais complexos do equilíbrio alimentar. Já é bem sabido que a experiência da fome se confunde com o desejo puro e simples de comer. As disfunções do comportamento da ingestão de alimentos são chamadas de Transtornos Alimentares, entre eles está à compulsão alimentar. O padrão de desordem alimentar pode persistir depois da cirurgia. Enquanto a cirurgia pode diminuir a fome física e reduzir a capacidade gástrica para a ingestão de alimentos, é possível que o padrão de comer compulsivo permaneça embora mude um pouco devido ao procedimento cirúrgico. A maior parte dos obesos mórbidos não tem a real percepção do volume alimentar que ingere e a cirurgia vai intervir justamente no volume da ingesta alimentar. Costumamos dizer que a cirurgia faz modificações na cavidade abdominal e não nos mecanismos cerebrais, portanto, a compulsão no pós-operatório deve ser manejada com o auxílio de psicoterapia e de medicamentos que manipulem a química cerebral, quando necessário. Durante a fase de perda acelerada de peso, nos primeiros oito a dez meses pós-operatório, ocorre um certo controle do mecanismo compulsivo da ingesta alimentar, devido a vários fatores, desde ao medo da ruptura dos pontos ao temor de voltar a ganhar peso. A quebra do ciclo de hiperfagia com o jejum do pós-operatório imediato e com as dietas líquida e pastosa do primeiro mês já alivia a ansiedade e ajuda a manter as dietas de baixas calorias. Tudo isso ocorre através da produção de opióides cerebrais, que causam uma certa euforia e muitas vezes é essa euforia que leva ao abandono do tratamento psicológico e nutricional, que só será lembrado quando a desnutrição e a fase de desânimo vierem à tona, geralmente quando a fase de lua-de-mel acaba por volta do segundo ano após a cirurgia. A ausência de fome pela inibição da Grelina, um hormônio gástrico, ajuda bastante a controlar a compulsão nos primeiros meses.